domingo, 8 de julho de 2012

Diário Digital: Castigos físicos podem aumentar risco de transtornos mentais

Pessoas que sofreram agressões físicas na infância têm maiores probabilidades de sofrerem de doenças mentais quando adultas, incluindo distúrbios de humor e ansiedade, além de problemas como o uso abusivo de álcool e drogas, revelaram cientistas esta segunda-feira.

O estudo, liderado por cientistas canadianos, é o primeiro a examinar a relação entre problemas psicológicos e danos físicos, sem considerar agressões mais graves ou abuso sexual, para medir com mais eficácia os efeitos da punição física isoladamente.

Aqueles que eram agredidos quando crianças tinham uma probabilidade entre 2% e 7% maior de sofrer de doenças mentais mais tarde, indicou o estudo publicado na revista americana Pediatrics, baseado numa investigação com mais de 600 adultos dos EUA.

A taxa parece pequena, especialmente porque cerca de metade da população americana afirma ter sido agredida na infância, No entanto, mostra que os castigos físicos podem trazer consequências futuras, dizem os especialistas.

«O estudo é importante porque sugere uma reflexão sobre a paternidade», afirma Victor Fornari, director do departamento de psiquiatria da criança e do adolescente do Sistema Único de Saúde Judaica de North Shore-Long Island, em Nova Iorque.

A taxa «não é dramaticamente maior, mas é maior, o que sugere que o castigo físico é um factor de risco para o desenvolvimento de distúrbios mentais na idade adulta», disse Fornari, que não esteve envolvido no estudo.

Pesquisas anteriores já mostraram que crianças abusadas fisicamente tinham mais distúrbios mentais quando adultos, e têm mais hipóteses de apresentar um comportamento agressivo que crianças que não são submetidas a agressões.

Entretanto, esses estudos geralmente lidavam com abusos mais graves.

A pesquisa actual exclui abuso sexual e qualquer abuso físico que deixe hematomas, cicatrizes ou ferimentos.

Em vez disso, foca noutros castigos físicos, como empurrões, abanões ou estalos.

Dois a 5% dos entrevistados sofriam de depressão, ansiedade, transtorno bipolar, anorexia ou bulimia, o que pode ser atribuído aos castigos na infância.

Já 4% a 7% tinham problemas mais sérios, incluindo transtornos de personalidade, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e dificuldades de raciocínio.

Os cientistas destacaram que o estudo não pode garantir que os castigos físicos tenham sido a causa das doenças em alguns adultos, e sim que há uma ligação entre as recordações relacionadas com essas punições e uma maior incidência de problemas mentais.

Novas pesquisas poderão aprofundar-se mais no assunto. Enquanto isso, o estudo serve para lembrar que existem outras opções para disciplinar as crianças, como o reforço positivo e a proibição de algum lazer, o que é mais aconselhado pelos pediatras.

«O facto é que metade da população (americana) foi castigada fisicamente no passado. Há maneiras melhores de os pais disciplinarem as crianças», disse Fornari.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=580425

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