sexta-feira, 13 de abril de 2012

TVI24: Há cada vez mais crianças a usar óculos sem necessidade

Um especialista da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia denunciou esta sexta-feira que os oftalmologistas estão a receber nos consultórios cada vez mais crianças que usam óculos sem necessidade, por recomendação de empresas óticas que fazem rastreios nas escolas.

Em entrevista à agência Lusa, o oftalmologista pediátrico Augusto Magalhães alertou para as «técnicas agressivas de marketing» de alguns oculistas, que levam a que «muitas crianças cheguem às consultas com óculos prescritos sem terem necessidade de os usar».

O especialista da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia diz que o risco para a saúde «é mínimo» porque costumam ser lentes com pouca graduação, mas representam «prejuízos» para as famílias, que gastam dinheiro injustificadamente.

«Não consigo entender como é que os diretores das escolas autorizam rastreios sem antes verificar a credibilidade da entidade que os faz. Qualquer ótica chega a uma escola e é autorizada a fazer um rastreio», denuncia Augusto Magalhães, garantindo que é «vulgaríssimo acontecer».

O especialista reconhece que também «existem bons exemplos», lembrando no entanto a importância de se ser posteriormente seguido por um oftalmologista, já que existem casos de crianças com patologias oftalmológicas cujos problemas «passam despercebidos aos optometristas» que trabalham nas lojas de ótica.

Nas óticas existem aparelhos automáticos que fazem a refração, mas «às vezes conseguem enganar os aparelhos». Resultado: «Muitas vezes os óculos não vêm certos».

Em declarações à Lusa, fonte da direção da União Profissional dos Ópticos Optometristas Portugueses (UPOOP) admite que muitos optometristas prestam serviços em óticas, garantindo, no entanto, que a sua ação «é totalmente separada da componente comercial de venda de dispositivos óticos e constitui uma componente básica e essencial dos cuidados visuais primários».

A associação diz desenvolver «frequentemente, normalmente sob pedido, ações de rastreio em escolas e em zonas carenciadas, de forma totalmente gratuita (...) e levadas a cabo por profissionais devidamente identificados e certificados».

A associação lembra que o facto de a profissão ainda não ter sido regulamentada pelo Estado cria um vazio legal que «permite que pretensos profissionais prestem serviços sem as devidas qualificações».

«Quando a associação recebe denúncias, instaura um processo de investigação. Caso os profissionais em causa sejam seus associados, a UPOOP pode prosseguir com processos disciplinares», explica, garantindo desconhecer casos concretos de fraude.

http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/oculos-escola-criancas-oftalmologia-tvi24/1339014-4071.html
 

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