sábado, 25 de agosto de 2012

Diário Digital: Bebés expostos a ambiente poluído sofrerão reacções alérgicas mais fortes

A exposição de recém-nascidos à poluição acarreta uma reacção exacerbada a estímulos alérgicos na fase adulta, aponta uma pesquisa do Departamento de Farmacologia da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com Soraia Pereira Costa, o estudo constata que os poluentes das grandes metrópoles deixam os indivíduos predispostos ao desenvolvimento de inflamações alérgicas, como a asma.

A pesquisa comparou a trajectória de ratos de laboratório expostos a uma substância resultante da combustão do diesel durante a fase neonatal e outro grupo de animais protegidos da poluição.

Os animais mantidos na área poluída foram expostos durante 15 minutos, em três dias alternados, a um ambiente com baixa concentração do poluente 1,2-naftoquinona (1,2-NQ).

Na fase adulta [dois meses após o nascimento], todos os ratos foram submetidos a outra prova: receberam a proteína ovoalbumina, capaz de desencadear inflamações alérgicas.

«O grupo submetido a poluição desenvolveu uma inflamação mais potente, quando comparada com os que não foram expostos», explica Soraia Costa. Ela destaca que qualquer estímulo ambiental desencadeará uma reacção inflamatória pulmonar, alérgica ou não, muito mais intensa.

A pesquisadora explica que isso ocorre porque, nos indivíduos expostos à poluição, há um forte aumento da expressão e activação dos receptores TOLL 4 no pulmão. Estes receptores são associados a resposta inflamatória.

Para a professora, os resultados podem explicar a grande incidência de doenças inflamatórias do pulmão em pessoas que nascem e vivem em áreas com alto teor de poluição atmosférica.

A exposição alérgica, que nos ratos foi feita com uma proteína encontrada no ovo, está presente na vida humana em diversas substâncias, como pólen, pelo, entre outros, informou a professora.

«Muitos estudos apresentaram dados epidemiológicos e clínicos na relação dessas doenças com a poluição, mas não estava claro qual o poluente envolvido nisso», reforça a pesquisadora.

Soraia Costa destaca que estudo aponta o caminho para o desenvolvimento de medicamentos capazes de bloquear esses receptores. «Identificamos os efeitos para que no futuro sejam desenvolvidas ferramentas farmacológicas e terapêuticas», disse.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=587567

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