quinta-feira, 23 de agosto de 2012

i online: Casos de filhos a bater nos pais aumentam 97% entre 2004 e 2011

O provérbio “Coisas de família, em família devem ficar” está ultrapassado. Nos últimos 11 anos chegaram à Associação Nacional de Apoio à Vítima (APAV) mais 172 mil crimes de violência doméstica que envolveram 76 582 vítimas. Os dados constam do relatório da associação ontem divulgado.

Os principais crimes reportados referem-se a maus-tratos psíquicos (50 mil queixas), maus--tratos físicos (46 mil) e ameaças e coacção (33 mil). Registaram-se ainda três mil casos de violação e abuso sexual.

No universo de famílias sinalizadas pela APAV houve 3380 pessoas a queixar-se, entre 2004 e 2011, de maus-tratos infligidos pelos filhos, o que se traduziu em 7805 factos criminosos, metade deles nas categorias de maus- -tratos psíquicos e físicos.

Mães e filhos A APAV constatou ainda que, em oito anos, foi registado um aumento processual de 97,7% neste tipo de violência doméstica. As mães são as principais vítimas, representando 59% dos processos abertos pela APAV, cabendo sobretudo aos rapazes (72%) o papel de agressor. Em termos etários, 40% dos pais agredidos têm mais de 65 anos, ao passo que, no caso dos agressores, um terço tem entre 18 e 35 anos.

Mas há mais dados relevantes na análise estatística da associação: no caso dos crimes contra crianças ocorridos na escola registou-se uma subida de 289% entre 2005 e 2011. Se há sete anos a APAV registou nove casos, em 2011 o número disparou para 35, num total de 186 crimes praticados em contexto escolar. As raparigas, sobretudo entre os 11 e os 17 anos, são as principais vítimas.

Alargando o âmbito da análise, a APAV abriu 7387 processos de apoio a crianças e jovens vítimas de crime e violência entre 2000 e 2011, tendo sido detectados 11 261 factos criminosos. De novo foram as raparigas as principais vítimas, representando 60,6% do universo de queixosos, isto é, 4477 dos processos abertos. Dividindo as crianças e jovens por escalões etários, houve 811 vítimas entre os 0 e os 3 anos, 721 crianças entre os 4 e os 5 anos e 1992 situações entre os 6 e os 10 anos, embora a maioria tivesse entre 11 e 17 anos (52,3%). Os maus- -tratos psíquicos dominam as queixas, seguidos dos maus-tratos físicos.

Os dados ontem revelados mostram que ainda prevalece a cultura do “sexo fraco”, pois as mulheres são outra vez as protagonistas de violência contra idosos. Em 2011, as mulheres representaram 78,4% das 749 vítimas de violência contra idosos, que na sua maioria tinham entre 65 e 75 anos. Ainda em 2011, 62,6% dos agressores eram homens. Das 749 vítimas idosas registadas no ano passado, 273 (36,4%) foram agredidas pelos filhos e 193 (25,7%) foram-no pelos cônjuges.

Analisados os números de casos de idosos violentados entre 2000 e 2011, estas proporções invertem-se, pois dos 6249 factos criminosos registados pela APAV, 23% foram praticados pelos filhos, ao passo que os cônjuges foram responsáveis por 29% dos casos.

http://www.ionline.pt/portugal/casos-filhos-bater-nos-pais-aumentam-97-entre-2004-2011

Sem comentários:

Enviar um comentário