O risco de desnutrição das crianças internadas nos hospitais portugueses vai ser avaliado por uma equipa liderada pela pediatra Helena Mansilha, que estima que mais de metade das crianças corre perigo.
A má nutrição hospitalar prejudica a recuperação dos doentes, podendo mesmo "agravar o prognóstico da doença e até aumentar os dias de internamento", sublinhou em declarações à Lusa a pediatra do Centro Hospitalar do Porto, Helena Mansilha.
Não gostar da comida, estar fora do seu ambiente familiar ou sofrer de uma patologia que diminui a absorção são algumas das situações que podem levar as crianças a perder o apetite.
Mas as situações não são todas iguais e, por isso, a equipa liderada por Helena Mansilha deverá iniciar em breve um rastreio, composto por algumas perguntas feitas durante o internamento, para perceber o risco nutricional de cada criança.
O objetivo é identificar os grupos de risco, para poder "orientar os recursos de suporte nutricional para quem mais precisa", explicou a especialista.
"O que está em causa não é a qualidade nem a quantidade da alimentação dos hospitais, mas sim toda a logística. O meio hospitalar é um meio mais suscetível ao não cumprimento do que está prescrito", sublinhou a pediatra.
De acordo com Helena Mansilha, em Portugal existem apenas dois estudos, realizados na zona de Lisboa, que mostram que cerca de metade das crianças teve problemas de nutrição.
O estudo que a equipa portuguesa pretende agora iniciar já foi realizado noutros países europeus. Na Holanda, país pioneiro do programa, o risco de desnutrição ronda os 40% e, na Hungria, atinge os 70%, exemplificou.
"As percentagens de risco moderado e elevado são altas. Dois terços das crianças podem correr esse risco", sublinhou a especialista portuguesa.
O estudo nacional deverá realizar-se em cinco serviços de pediatria - no Porto, em Coimbra e em Lisboa -, onde deverão ser avaliadas 298 crianças internadas.
A equipa aguarda apenas a autorização das comissões de ética dos hospitais, mas está confiante que, em breve, deverá iniciar o seu trabalho, até porque "o estudo é muito pouco evasivo". "São perguntas que já se fazem na prática diária [das consultas], mas que agora serão esquematizadas para que possamos fazer um 'score' [pontuação], para ter uma ideia de quais as crianças que correm maior e menor risco de má nutrição", explicou Helena Mansilha.
Uma equipa de especialistas de vários países europeus está reunida hoje, em Lisboa, para discutir métodos de trabalho utilizados e resultados já conseguidos.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=591138
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