sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Jornal de Notícias: Suspensas colheitas de cordão umbilical no Porto

O presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), Hélder Trindade, decidiu suspender, esta segunda-feira, a atividade de colheita do banco público de células do cordão umbilical (Lusocord), que funciona no Centro de Histocompatibilidade do Norte (CHN), por entender não estarem garantidas as melhores condições de funcionamento.

Pelo menos durante os próximos 60 a 90 dias, não haverá mais colheitas de novas unidades para o banco público de células do cordão umbilical, "com vista a avaliar a atividade do banco e assegurar no futuro uma maior proficiência técnica da sua atividade".

Num comunicado enviado às redações, o IPST diz que foram verificadas "irregularidades de gestão, processuais e financeiras no CHN", de que foi dado conhecimento às autoridades competentes "para que sejam desenvolvidas as inspeções necessárias ao completo esclarecimento das situações e apuramento de eventuais responsabilidades".

Em três anos de funcionamento, o Lusocord recebeu mais de 28500 doações de sangue do cordão umbilical mas apenas procedeu à criopreservação de cerca de oito mil amostras.

De acordo com o comunicado, "todas as amostras já colhidas manter-se-ão congeladas, indo decorrer, a partir de agora, um procedimento normal de avaliação de risco das suas condições de armazenamento, a fim de garantir que têm qualidade e são seguras para uso clínico".

A anterior diretora do Lusocord, atual responsável técnica, Helena Alves, tem vindo, desde o início do ano, a queixar-se de falta de meios humanos e de requisitos legais "exagerados" que têm dificultado a atividade do banco.

De acordo com informação do IPST, dos 480 transplantes de células hematopoiéticas realizados em Portugal desde 2009, apenas 25 foram com células de cordão umbilical e nenhum foi efetuado com células do banco português

Em meados de Agosto, o deputado socialista Manuel Pizarro e ex-secretário de Estado da Saúde classificou de "muito perturbadoras" as notícias que punham em causa o funcionamento do Lusocord, considerando que seria "quase criminoso" encerrar o banco público de cordão umbilical.

"O funcionamento do Lusocord está ameaçado porque o atual Governo se recusa a garantir o financiamento e a permitir a contratação de alguns técnicos que são indispensáveis para que todas as doações de sangue do cordão sejam adequadamente analisadas e introduzidas na base de dados internacional", disse, prometendo interpelar o ministro da saúde, em Setembro, sobre este assunto.

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Saude/Interior.aspx?content_id=2750350&page=-1


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