domingo, 25 de março de 2012

Sol: Ratos infectados com parasita da Toxoplasmose são presas mais fáceis de gatos

Investigadores portugueses constataram que ratinhos infectados com Toxoplasma são menos cautelosos e, por isso, arriscam-se mais a ser caçados por gatos, favorecendo a transmissão do parasita aos felinos e a outros animais.

Os resultados da investigação, a cargo da bióloga Cristina Afonso, do físico Vítor Paixão e do neurocientista Rui Costa, que trabalham na Fundação Champalimaud, foram publicados na quarta-feira na revista científica PLoS ONE.

Em declarações à agência Lusa, Cristina Afonso explicou que o estudo, desenvolvido em ratinhos de laboratório, procurou demonstrar que «um animal infectado com Toxoplasma possui alterações de comportamento que favorecem a transmissão do parasita».

A infecção por Toxoplasma, a Toxoplasmose, propaga-se através de roedores como os ratos (hospedeiros iniciais do parasita) e de gatos (hospedeiros definitivos). Destes últimos, o parasita pode ser transmitido a outros animais (galinhas, ovelhas, cabras, vacas, porcos...) por meio das fezes e, depois, aos humanos pela ingestão de carne crua ou mal cozinhada.

A equipa de cientistas portugueses verificou que os ratinhos que tinham sido infectados com Toxoplasma eram menos cautelosos do que os saudáveis e, por isso, eram presas mais fáceis para os seus predadores.

«Os animais [infectados] mexiam-se mais depressa, aceleravam mais quando começavam a mexer-se, a forma como organizavam o seu movimento foi alterada. Normalmente, um ratinho mexe-se em segmentos de movimento muito curtos, mexe-se um bocadinho, depois para, observa o seu ambiente. Nos animais infectados com o parasita, isto não acontecia, locomoviam-se durante períodos de tempo muito prolongados», descreveu a bióloga.

Os investigadores observaram ainda que, nos roedores com alterações de comportamento, o parasita, que se aloja no cérebro e se mantém dormente na forma de cistos (quistos), distribui-se por um «circuito» de áreas do cérebro que «conversam umas com as outras» e não por uma única área.

Apesar de o estudo ter sido feito em laboratório, Cristina Afonso acredita que «a dinâmica da infecção seria semelhante» com ratinhos no seu habitat natural.

Sabendo que o Toxoplasma não actua por motivação, a equipa de cientistas pretende, descortinar, no próximo passo da investigação, como é que é feita a selecção do parasita nos roedores.

O estudo foi realizado ao abrigo do Programa Champalimaud em Neurociência.

http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior.aspx?content_id=44049

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