sábado, 23 de junho de 2012

i online: Fertilidade. Casais adiam tratamentos devido ao custo da medicação

Há casais a adiar tratamentos de fertilidade por causa do custo da medicação. O alerta é da presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (SPMR), Teresa Almeida Santos, médica do Centro Hospital Universitário de Coimbra. A especialista diz que as dificuldades têm vindo a agravar-se, tendo conhecimento de uma dezena de casais que já podiam ter começado o tratamento mas recusaram continuar por não conseguir pagar as hormonas necessárias para a estimulação ovárica (gonadotrofinas), que rondam os mil euros.

“Muitas vezes têm de gastar este valor no espaço de duas semanas e há casais a pedir alternativas menos eficazes mas mais baratas”, adverte Teresa Almeida Santos, ressalvando que mesmo nas condições ideais só um terço dos ciclos iniciados tem sucesso. As situações de desemprego ou suspensão de subsídios são algumas das justificações. Teresa Almeida Santos defende que a resposta do Estado a esta dificuldade devia ser mais assertiva. “Como acontece com os contracepção, esta medicação devia ter compar- ticipação total e não a 69%. A política no sentido de aumentar o acesso aos tratamentos de procriação assistida já deu frutos, mas receio que perante a actual conjuntura haja um recuo.” Que vai sair mais caro: “Temos o país com a mais baixa taxa de natalidade da Europa e não conseguimos proporcionar o nascimento de filhos aos casais que as desejam. Se adiamos os tratamentos porque não temos condições económicas, adiamos ainda mais a idade das mães. Não deve ser o timing económico a determinar o tratamento.”

Monitorização no papel O alerta surge a propósito do Dia da Fertilidade, que se assinala amanhã. Numa sessão formativa com jornalistas, a especialista questionou o facto de não ter sido implementado ainda a nível nacional o sistema FERTIS, projecto prometido desde 2009 pelo Ministério da Saúde para monitorizar listas de espera para tratamentos de infertilidade e agilizar a referenciação. “Sabemos que a norte de Lisboa não há listas de esperas, mas não temos conhecimento da realidade epidemiológica. Há casais inscritos em mais de um centro e a referenciação para o privado aconteceu umas escassas dezenas de vezes.” Almeida Santos considerou ainda que o actual modelo de financiamento destes tratamentos através de incentivos aos centros públicos que os fazem dá azo a diferentes interpretações: as instruções da Administração Central do Sistema de Saúde são para financiar um ciclo de tratamentos por casal/ano, ficando a actividade contratada aquém do que é realizado nos serviços. Na prática, as administrações decidem se continuam além do contratualizado ou se fazem mais de um ciclo, sendo o limite financiado de três.

Teresa Almeida Santos revelou os últimos dados sobre tratamentos, por publicar: em 2010 realizaram-se 6865 ciclos das diferentes técnicas de procriação, mais do dobro de em 2008. Destes resultaram 1233 partos, alguns de gémeos.

http://www.ionline.pt/portugal/fertilidade-casais-adiam-tratamentos-devido-ao-custo-da-medicacao

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