domingo, 3 de junho de 2012

i online: Pais tiram filhos do privado em medida limite contra a crise

Há pais com dificuldade em pagar as mensalidades dos colégios dos filhos e a ter de os matricular no ensino público. Muitos estabelecimentos particulares estão a flexibilizar pagamentos e a tentar negociar prazos caso a caso. Mesmo assim, a quebra global é menos acentuada do que seria de prever e ainda há instituições privadas com listas de espera. No entanto, os preços não aumentam há alguns anos.

“Em 2011 o sector teve uma perda de 3,6% em número de alunos, mas não é uma descida atípica”, explica o director executivo da AEEP – Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo, Rodrigo Queiroz e Melo.

Apesar de existirem escolas com metade dos alunos ou até com quebras da ordem dos 70%, há também colégios que estão a crescer e onde a procura supera a oferta. Trata-se sobretudo de estabelecimentos mais recentes e com estruturas de custo mais baixas, ou pelo menos mais adequadas à nova realidade.

Rodrigo Queiroz e Melo lembra que “entre 70% e 80% dos custos dos estabelecimentos de ensino são com o corpo docente”. Ou seja, quanto mais anos de carreira tiver um professor ou educador, mais alto é o seu salário, o que leva a que os colégios mais antigos tenham normalmente custos fixos mais elevados. Mas a antiguidade também funciona a favor, quando a instituição tem nome.

Os mais afectados pela crise são os colégios de pequena dimensão e os jardins de infância de bairro. Para não sobrecarregar os orçamentos familiares, cada vez mais reduzidos, os pais adiam tanto quanto podem a entrada dos filhos no infantário.

“A maior preocupação surge agora, na fase de matrículas. Não sabemos exactamente como a quebra do poder de compra irá afectar, por exemplo, funcionários públicos, professores e médicos, entre outros, que têm os filhos em estabelecimentos particulares”, diz o director executivo da AEEP.

Para este responsável é importante estar atento às crianças que estão a ter os seus ciclos de ensino interrompidos, tendo de passar do privado para o público a meio do percurso.

Rodrigo Queiroz e Melo lembra ainda que, além de penalizar o rendimento escolar, cada aluno que sai do privado e vai para o público custa mais dinheiro ao Estado, ou seja, ao contribuinte.

Nesta matéria não há consenso. O Tribunal de Contas está a fazer uma auditoria para finalmente dizer quanto custa ao Estado cada aluno que frequenta o ensino público. O número deverá ser tornado público dentro de poucos dias, de acordo com informações do próprio Tribunal de Contas. “Vai ser o número que nos vai fazer pensar se não estamos a deitar dinheiro fora”, afirma o director-executivo da AEEP. “Mesmo da ajuda que o Estado dá a alguns particulares, uma parte volta para os seus cofres através da cobrança de impostos, como IVA e IRC, ou em contribuições para a Segurança Social.”

O i tentou obter uma posição do Ministério da Educação. Em vão.

http://www.ionline.pt/dinheiro/pais-tiram-filhos-privado-medida-limite-contra-crise

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