sábado, 9 de junho de 2012

Diário Digital: Estudo vincula nascimentos prematuros a maior risco de doenças mentais

Bebés nascidos prematuramente correm maiores riscos de desenvolver doenças mentais mais tarde nas suas vidas, dizem cientistas da Suécia e Grã-Bretanha.

Segundo um estudo publicado na revista científica The Archives of General Psychiatry, há mais probabilidades de que esses bebés sofram de doenças como distúrbio bipolar, depressão e psicose.

Os especialistas enfatizam, no entanto, que os riscos são baixos, ainda que sejam maiores em bebés prematuros. Lembram também que houve muitos avanços nos cuidados oferecidos a bebés prematuros nas últimas décadas e, portanto, os riscos devem ser menores para os nascidos hoje.

Uma gravidez normal dura cerca de 40 semanas. Um em cada 13 bebés, no entanto, nasce prematuro - antes de completar 36 semanas. Os especialistas do Instituto de Psiquiatria do King´s College London, na Grã-Bretanha, e do Karolinska Institute, na Suécia, analisaram dados de 1,3 milhões de pessoas nascidas na Suécia entre 1973 e 1985.

Verificaram que 10.523 pessoas do grupo foram admitidas em hospitais com doenças psiquiátricas e que 580 destas tinham nascido prematuramente.

As análises estatísticas revelaram que duas em cada mil crianças nascidas após a gestação padrão desenvolveram doenças mentais.

A incidência subiu para quatro em cada mil entre bebés nascidos antes de completar 36 semanas e seis em cada mil para bebés nascidos com menos de 32 semanas.

Entre bebés muito prematuros, a probabilidade de sofrerem de distúrbio bipolar foi sete vezes maior - em comparação com bebés nascidos após uma gestação normal. E a probabilidade de sofrerem de depressão foi quase três vezes maior.

Segundo uma das investigadoras envolvidas no estudo, Chiara Nosarti, os índices podem ser maiores, já que casos menos graves de doenças mentais muitas vezes não chegam ao hospital.

Mas a especialista disse à BBC que, de maneira geral, os riscos são relativamente baixos e que a vasta maioria de bebés prematuros é saudável.

«Não acho que os pais devam preocupar-se, mas sabemos que nascimentos antes do tempo implicam em uma maior vulnerabilidade a várias doenças psiquiátricas», disse. «Talvez os pais devam estar conscientes disso e monitorizar sinais, logo cedo, de problemas mais sérios no futuro».

Sobre as possíveis causas desses problemas, a especialista especula que «perturbações no desenvolvimento» possam, talvez, afectar os cérebros dos bebés.

A presidente da entidade britânica de saúde mental SANE, Marjorie Wallace, disse: «Já sabíamos que partos prematuros podem estar associados à esquizofrenia, mas obter evidências vinculando isso a uma gama de doenças psiquiátricas que resultaram em hospitalização é impressionante».

Uma ONG britânica que aconselha pais sobre cuidados com bebés, a Bliss, disse que já foi estabelecido que o nascimento prematuro afecta o desenvolvimento do cérebro.

Entretanto, o presidente da entidade, Andy Cole, ressaltou o facto de que algumas das pessoas incluídas no estudo nasceram há 40 anos.

«Práticas clínicas para limitar danos neurológicos em recém-nascidos sofreram transformações nas últimas quatro décadas, com resultados melhores observados hoje», disse.

«Houve desenvolvimentos em (técnicas de) esfriar o cérebro para evitar danos, assim como melhorias na ventilação para assegurar que chegue oxigénio suficiente ao cérebro», explicou.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=576261

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