sexta-feira, 25 de maio de 2012

Diário Digital: Médicos querem intervenção do bastonário contra falsidades da Crioestaminal

A direção do Colégio de Especialidade de Imunohemoterapia acusou a Crioestaminal de divulgar falsidades no seu anúncio publicitário e de ter um comportamento antiético, pelo que solicitou a imediata intervenção do bastonário da Ordem dos Médicos.

Numa carta assinada pelo presidente do Colégio de Especialistas de Imunohemoterapia, Álvaro Monteiro, estes médicos repudiam também as acusações lançadas contra os médicos pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais, Rui Reis, que na altura criticou os médicos que se opuseram ao anúncio.

Em causa está um anúncio publicitário da crioestaminal, em que é apontada uma hipótese em 200 de as crianças virem no futuro a desenvolver doenças como leucemia, linfoma ou tumores sólidos, passíveis de serem tratadas com células estaminais das próprias ou de um irmão.

Os especialistas em imunohemoterapia repudiam a “exploração da ignorância e a utilização abusiva e distorcida de dados científicos quanto a doenças onde se aplicam as células estaminais” e reprovam a ligação publicitária feita a células criopreservadas para uso pessoal ou familiar, “por ser incorreta e cientificamente falsa”.

Na carta, a que a Lusa teve acesso, é apontado como antiético promover expectativas nos pais aos quais é vendido um falso seguro de saúde para tratar doenças para as quais ainda não há qualquer evidência clínica de benefício, e lembram que para estas doenças há alternativas terapêuticas.

A direção do Colégio reprova também a confusão intencional do material publicitário das empresas privadas, que misturam doenças, a maioria das quais apenas exclusivamente tratadas com células do cordão de dadores não relacionados.

Os especialistas lembram que no caso de doença na família tratável com sangue de um dador relacionado, o Banco Publico procede à criopreservação de dádivas dirigidas, pelo que o uso familiar está garantido.

Não há assim qualquer motivo para recomendar medicamente a criopreservação em Banco Privado, sublinham.

Sobre o presidente da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais, a direção do colégio repudiou as suas afirmações depreciativas em relação aos médicos proferidas à comunicação social, “pela profunda ignorância demonstrada em relação à aplicação médica autóloga de Células estaminais criopreservadas para o próprio, que defende”.

“Repudia-se ainda a abusiva utilização do cargo de presidente da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais que desonra com posições antiéticas e pelo desrespeito manifestado pelos sócios, alguns médicos, que não o mandataram para fazer estas declarações como presidente dessa sociedade”, afirmam.

Ainda sobre a Sociedade Portuguesa de Células Estaminais, os médicos de imunohemoterapia lamentam que “investigadores que usam os fundos públicos e os impostos dos contribuintes durante anos a fio, passem décadas fazendo promessas a troco de milhões de euros de investimento público sem que nenhum resultado prático de aplicação clínica relevante seja conseguido e sem que haja uma real translação para benefício dos doentes”.

A carta termina com um alerta para a necessidade de dotar o Banco Público de Células dos meios necessários ao seu funcionamento, para rapidamente poder libertar unidades para os doentes que dele necessitam.

“Este sim, de utilidade reconhecida na prática clínica e uma peça fundamental para tratamentos e desenvolvimento de investigação aplicada á clínica e até agora sem apoio do Estado que o criou”.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=573945

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